Diário de um Sobrevivente

Não deixe o medo devorar você

06.02.14 – Zumbis não são o suficiente

Posted by YukimuraWakashimazu On fevereiro - 10 - 2014

Dia: 06.02.14. Quinta-feira. Local: Tóquio, Japão.

Sobrevivente: Yukimura Wakashimazu

Rapidamente me vi no chão – Novamente – e com “alguma coisa” em cima de mim. Me vi colocando minha lança em minha frente, como uma proteção, impedindo que aquilo se aproximasse, mas quando parei para olhar… Era um humano?! Que alívio – Pensei por um momento – mas então, vi que não era um mar de rosas. Ele estava louco! Com uma adaga, parecia que ele queria me cortar ou qualquer coisa deste tipo, só que pelo momento em que pensei que era um possível aliado, havia baixado minha guarda, que dei chances dele colocar a lâmina perto de meu pescoço, e finalmente consegui ver sua face. Estava com os olhos insanos, com ferimentos na pele – Não tanto iguais aos zumbis – e parecia… Bom, o que eu consigo definir para ele é a palavra ‘Perdido’. E logo, ele começou a falar comigo.
– Você! Sim, você mesmo! Está me escutando?!
– Calma cara! Eu também sou humano! Se é que é isso que está pensando!
– Não! Você é um deles, sim, você é… Você é sim!

– O que está dizendo?! Por acaso eles falam japonês?! – Vi que aquela conversa não iria resultar em nada a não ser um grave ferimento no pescoço. Como ele não iria me dar ouvidos, rapidamente lancei uma joelhada em sua barriga, e a vi afundar com isto. Olhei sua expressão de dor por meio segundo, e rapidamente, dei uma cabeçada em sua testa, fazendo-o se levantar colocando a mão no rosto, e comecei a correr pelo caminho em que estava indo, só para ver que ele estava atrás de mim, mesmo com a mão no rosto e mancando – Provavelmente por causa da dor – mas com certeza eu era bem mais rápido que ele, já que sempre praticava exercícios físicos e tinha uma boa alimentação. Após ver que aquele louco perdeu-me de vista, tentei me localizar para ver onde estava…. Vi árvores de Sakura, mas pena que acho que nunca mais soltariam suas lindas pétalas, já que estava… Queimada. E para minha satisfação – e terror – comecei a ouvir os grunhidos de novo. Mas agora, além de me preocupar com isto, também deveria me preocupar com semelhantes. Pelo menos, não teriam pessoas pensando em roubar coisas de departamentos para vender, porque os japoneses não costumam a fazer esse tipo de coisa.
Comecei a me sentir extremamente cansado, quando a adrenalina acabou-se. Peguei meu celular para visualizar a hora, só para tomar susto com este – Eram nada menos do que 01:26 AM – já passou muito do horário que deveria ter ido dormir, e já estava cansado resultante dos treinos de kung-fu e educação física. Mas se eu dormisse ali, iria ser para eles uma pizza de vários pedaços que alguém deixou inteiro na caixa… E falando em comida, meu estômago também começou a roncar – Maldição, para que fui falar de comida também, hein? – mas tinha que me assegurar que meus amigos estavam bem, eles são muito importantes para mim. Do que adiantaria sobreviver sozinho? Iria até ser melhor estar morto.
Finalmente, havia chegado! Era a casa de Kaito. Estilo japonês medieval, como se fosse um templo. Mas agora, não estava assim mais tão bela com esse ar apocalíptico em volta… Parecia que o portão foi destruído e também… A porta da casa! Corri para o local, e estava com medo do que encontraria… Não um ‘zumbi’ ou criatura, mas de ver o corpo de meu amigo! Passei pela porta rapidamente, só para dar de cara com 3 daquelas criaturas… Mas eu estava em frenesis. Corri na direção deles, e mirei na cabeça. Cortei o pescoço de um deles, e vi o sangue jorrar e cair como uma chuva em cima de mim, acabei cortando o ligamento do corpo com a cabeça. Virei-me, e chutei uma daquelas criaturas no peito, fazendo-a afastar-se, e vi que ficou a marca de meu chute em seu corpo… O quão podre eles estavam?! Rapidamente, virei-me para trás e vi que um deles havia se esgueirado atrás de mim, e senti sua mão alcançar meu ombro e aquele hálito fedorento alcançar minhas narinas. Dei uma cotovelada em seu peito para ele se afastar, lancei um chute em seu rosto e percebi que acabei de quebrar o seu pescoço. Rapidamente, voltei minha atenção para aquele que havia chutado, fincando a lança exatamente em seu crânio, sentindo perfurar seu cérebro… Aquilo foi bem macabro. Retirei a lança, e a vi com os pedaços do que havia naquela cabeça. Meu cansaço havia se acabado totalmente, enquanto eu procurava pela casa, só para descobrir que estava vazia… Algo me dizia que ele estava bem, já que sempre foi habilidoso com a espada. Olhei para a cama e me senti muito exausto, mas sabia que não poderia descansar – Não agora pelo menos – e continuei reto. Fui até a cozinha, eu tinha de pelo menos comer alguma coisa, ou isso iria me fazer falta no futuro. Tive uma surpresa ao abrir, mas não uma surpresa ruim, foi algo que até mesmo me emocionou. Havia sushis, com um aviso escrito em folha de papel “Obrigado por vir Yukimura, eu estou bem. Já deve estar ciente da situação. Eu estou indo me encontrar com certas pessoas, procure também, se tiver outras pessoas que conheça. Encontre-me na delegacia quando acabar. Provavelmente você está com pijamas ou algo assim, use meu guarda-roupa. Procure pelas pessoas que mais gosta em ordem de força, recolhendo os mais fracos primeiros. Esteja vivo.”. Eu fiquei bem feliz em saber disto, e muito mais sossegado. Guardei a carta, praticamente devorei os sushis, sabendo que não poderia guarda-los para mais tarde. Fui até o quarto de Kaito, peguei uma das mochilas que estavam por lá e guardei algumas coisas como facas de cozinha, luvas descartáveis… E me vesti adequadamente. Mesmo assim precisava procurar mais proteção e armas de fogo. A delegacia era um ótimo lugar mesmo. A mochila não estava pesada com as coisas que coloquei, mesmo querendo colocar muitas coisas ali, não poderia, sabia que se ficasse com excesso de peso, iria me atrapalhar muito. Tratei dos meus ferimentos com a caixa de primeiros-socorros que ficava perto dos armários. Agora estava com faixas em vários lugares, espero que eles não pensem que sou uma múmia… Passei pela porta que dava novamente às ruas, que um dia fora tão belo e cheio de sakuras, para ver esse mar de chamas em toda parte… Mas não teria tempo a perder.
Agora, teria de ir atrás de Rinko… Mesmo sabendo que ela era muito forte, não quero deixa-la sozinha. A casa de Kaito era mais perto, já a dela… É do outro lado da cidade, irá demorar um pouco para chegar… E quando vi a distância, desanimei um pouco, mas, não poderia deixar o cansaço vencer. Eu tinha de salvá-la. E lembrei-me de algo – A loja de motos – que ficava a alguns metros da casa de Kaito! Corri para lá como se estivesse em uma maratona. Sentia minhas pernas doerem, minha respiração que não era mais pelo nariz, e meu peito começar a doer. Diminui um pouco a velocidade, até chegar à mesma de uma pessoa andando – Eu estava exausto, tanto fisicamente quando psicologicamente –. Queria muito que isso tudo fosse um sonho ruim, e acordar com a Rinko me ligando para ir no fliperama junto do Kaito… Mas sabia que não era. As dores, o desespero… Era real. Não poderia pensar nisto agora. Alcancei a loja de motos, só para ver que a maioria das motos não estavam lá, e a vidraça que as protegiam estavam quebradas – Parece que eu não fui o único que tive essa ideia – mas adentrei o local mesmo assim, talvez tivesse alguma disponível – Tinha de ter – e fiquei a vasculhar. O chão que era branco, manchado do mais vermelho sangue. Os mascotes bonitinhos da loja agora rasgados e jogados no chão. Nem a máquina de café perdoaram. Levantei umas 10 motos, só para eles se quebrarem quando tento coloca-las de pé. Então, quando já estava desistindo, achei uma moto! Ela era um modelo antigo, mas estava sem a chave. Estava caída no chão, arranhada com o retrovisor quebrado, mas parecia que funcionaria se eu a ligasse. Agora teria de achar as chaves. Subi o local lentamente, tomando cuidado, pelas escadas. Escutei um grito. E isso me aterrorizou até a alma e senti meu coração batendo tão rápido que parecia que teria um ataque cardíaco. E escutei coisas batendo no chão, como se andassem – Teria de me esconder – corri para a cabine que onde provavelmente os funcionários tomavam seu café-da-manhã e almoço. Olhei para os lados e vi os armários que eles trocavam de roupa, corri até lá como se não houvesse amanhã, e me enfiei lá dentro com cuidado, fechando a porta e olhando pelas pequenas frestas do armário. Vi algo que não sei dizer… Era algo, que estava sangrando bastante, com cabelos bem longos, e usava as pernas e os braços para andar no chão… Espera… Aquelas pernas não estão em posições normais! Estão viradas do avesso?! E aqueles braços… Parecem estar quebrados! Comecei a suar frio quando vi aquele troço andando pela sala toda, parecendo cheirar as coisas ao redor. Com a lança preparada para se caso aquilo abrir o armário, fiquei retendo minha respiração ao máximo. Percebi um incômodo em meu nariz, e percebi algo… Aquele armário estava muito empoeirado. Isso é mal, eu sou alérgico a pó! Uma incrível vontade de espirrar surgiu na pior hora possível! Coloquei a língua no céu da boca, e senti à vontade indo embora, e quando finalmente passou, olhei a criatura novamente… Só para sentir uma imensa vontade de espirrar em seguida. Tentei segurar ao máximo, mas no final… Um espirro pareceu ter o mesmo barulho de um avião caindo enquanto explode. Meu coração parou ao ver que a criatura olhou para o armário. Fiquei calado, sentindo a respiração pesada e lenta, enquanto minha mão suar bastante. Aquilo pareceu que olhou para meus olhos, mas depois de alguns segundos, virou-se de costas e correu para a saída. Soltei um suspiro de alívio baixo, fechando os olhos por meio segundo… Só para ouvir os sons daquelas mãos e pernas correndo, voltando, com uma enorme velocidade, e pulando no armário!

–Continua–

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