Dia: 06.02.14. Quinta-feira. Local: Tóquio, Japão.
Sobrevivente: Yukimura Wakashimazu
Naquele momento em que senti aquela dor, quando a vi mordendo meu tornozelo, pensei que estaria tudo acabado… Mas seja quem for o destino, ficou de meu lado naquele momento. Eu estava de sapatos de couro, que eu havia colocado antes de atender a porta – Que alívio! – Pensei no exato segundo em que dei um corte na boca daquilo e em seguida, decidi me ‘destravar’, segurei minha lança com minhas duas mãos e estoquei com ferocidade o crânio, para ouvir o som deste se quebrando. Mas meus olhos me puniram, ao me apontar que estavam vindo mais 3 a partir daquela porta. – O que diabos é isso?! – Dizendo em voz alta pelo susto, vi que era muito arriscado lutar contra os 3 em um espaço tão pequeno. Me afastei, andando para trás, minha casa era bem pequena, não teria como passar do lado deles ou fazer qualquer outra coisa, estava começando a ficar encurralado. Desesperado eu estava ficando, enquanto os via rastejar e se aproximar de mim lentamente, soltando grunhidos.
Lembrei de algo. – A beliche! – Era algo arriscado, mas era a único coisa que consegui pensar naquele momento, já que as janelas estavam bloqueadas por aqueles feiosos. Fui até a beliche, onde dormiam os convidados, ou melhor, meus amigos, já que se dividia em 3 partes. Rapidamente, pulei do chão mesmo até a cama mais alta dela. Deitei de costas para a parede e esperei eles chegarem pertos o suficiente para quase ralarem suas mãos em mim. Era realmente assustador estar deitado em algo tão macio enquanto via aqueles seres destruindo minha cama. Dei um pequeno pulo deitado, juntando meu peso e força na extremidade da beliche, tentando quebra-la já que era antiga. Nada ocorreu, e eles estavam quase colocando aquelas mãos em mim, e tentei de novo, e de novo, até que ela se quebrou – Finalmente! – . A cama caiu do lado oposto deles, ficando a me pressionar contra a parede, e a madeira ajudava a manter eles longe. Fui para o canto onde era aberto, passei abaixado, e rolei do lado de um deles, ficando a saída livre. Quando notaram, estava longe e já deixando aquele local.
Mas novamente… Me vi boquiaberto com a visão que tive. Minha cidade estava… Em total caos. Haviam fogos para todos os lados, fumaça negra, barulho de sirenes, torres destruída, mais grunhidos e dava para ver mais daqueles – agora lhes chamarei – zumbis. Primeira coisa que pensei foram em meus amigos, mas ao inutilmente pegar o celular e me ver sem rede, vi que teria de ir até a casa deles.
Não havia veículos que eu pudesse usar, estavam destruídos, arregaçados e alguns estavam para explodir – Espera, explodir!? – ao notar isto, corri para o muro de pedras do vizinho, o escalei tão rápido, mas tão rápido, que parecia alguém do Assassin’s Creed, de tanto desespero que senti. Quando pulei-o, fui jogado para frente pela explosão, e somente vi me aproximando do chão enquanto parecia que voava – Não sabia o que pensar naquele momento – até que senti-me raspando naquela terra molhada devido ao sereno. Me levantei um tanto zonzo, vendo que estava com diversas esfoliações no corpo e com minha roupa – Que era um pijama – rasgadas em várias partes… Espero que o que quer que seja isto que está fazendo as pessoas agirem desse jeito, não seja um vírus que entra em feridas abertas.
Sentindo meu corpo doer e coçar, e notar que sangrava um pouco, vi que deveria achar logo alguma coisa para me proteger. Não conseguia pensar em nada, só sabia que deveria achar uma forma de sair dali vivo – Teria de Sobreviver – e rapidamente, corri, não com tudo o que podia, mas o suficiente para deixar qualquer grunhido que eu escutava para trás. Estava escuro, a maioria dos postes já estavam apagados, ficando difícil de enxergar – Isso é ruim… Muito, muito ruim. – mas por sorte, não encontrava mais aquelas criaturas – Enganei-me – elas estavam atrás de mim. Todos aqueles rostos carbonizados, com seus lábios destruídos ou arrancados, olhos sem pupila, dentes podres até mesmo caindo de suas bocas, e seus amaldiçoados e temerosos ruídos, como se estivessem sofrendo. Eu tive de ignorá-los, e continuar correndo, e correndo, e correndo, e correndo… E acabei ficando cansado depois de algum tempo, e já estava quase andando, mas sempre alerta.
Mas então, tudo ficou em silêncio. E percebi isso quando não escutava mais aqueles gemidos… Aquele sossego que deveria ser um alívio, na verdade me causava temor. Minha intuição apitava o tempo todo, como se estivesse me dando tapas no pé da orelha. Olhava para os lados, para cima e até mesmo para baixo – Aquilo não estava certo – e tinha razão. Comecei a escutar algo parecido com um grunhido, mas era diferente daqueles zumbis… Senti meu corpo todo se arrepiar, minha espinha tão fria quanto a neve de inverno, e meus olhos tão arregalados que nem parecia um japonês… Olhei para trás, com medo do que eu chegaria a olhar… Tudo parecia estar em câmera lenta, quando na verdade, acontecia em uma incrível velocidade. E então, aquilo saltou em minha direção!
—Continua—