Dia: 06/02/14. Quinta-Feira. Local: Tóquio, Japão.
Sobrevivente: Yukimura Wakashimazu.
Lembro-me de ter acordado às 5:30. Fiz minha rotina normalmente, e tomei meu café da manhã, que se não me engano, eram onigiris (bolinhos de arroz japoneses). Corri para o colégio quando percebi que estava tarde. Era um tanto solitário morar sozinho, graças ao trabalho dos meus pais. Como tenho 16 anos, estou no segundo grau. Estava vestido como um aluno normal, carregando minha mochila. Logo, vi as pessoas que eu geralmente conversava, Kaito e Rinko. Os cumprimentei normalmente. Kaito Shirogane era um cara bem legal e honrado, igualando entre ser sorridente e ser sério nas melhores horas. É o líder do grêmio estudantil. Frequentava aulas de kendo sempre. Tinha curtos cabelos negros, iguais aos meus, diferenciando que os meus eram longos. Tinha 17 anos. Já Rinko Maji era uma garota mais séria e adorava ler, vestia o uniforme feminino claro, que se consistia em uma camisa e saia, e gostava de… Chutar as pessoas, seja por raiva ou estranhamente por afeto. Era um tanto pequena. Excelente com nunchakus, e seus cabelos que iam até um pouco acima dos ombros, eram também negros. Tinha 15 anos.
A primeira coisa que me ocorreu após encontra-los foi levar um belo sermão por me atrasar. Era engraçado. O sino logo tocou, e é claro, estávamos cada um em sua classe. Minha sala era a 2-B, a de Kaito 3-A, Rinko é a 1-A. O professor chegou normalmente e começou a passar sua aula… Eu frequentava os clubes de sõjutsu, um tipo de arte marcial que envolvia lanças, e também o de kung-fu.
Parecia que iria ser um dia normal, como qualquer outro, e que no final de semana poderia ir no arcade com os dois. Mas sempre quando menos se espera, algo acontece. Mas por que será que estava aflito? Pensava eu enquanto olhava para a janela distraído. Eu nasci com um dom especial, minha intuição. Eu geralmente prevejo coisas ou sinto-as antes de acontecerem, e acreditem, isto já salvou minha vida várias vezes. Algo iria acontecer? Ou seria minha imaginação pregando peças?
Continuei assim até o professor me chamar a atenção, e logo, me voltei para frente, bocejando. Estava entediante. Mas por que será que estava aflito? Não adiantaria ficar teorizando agora, deveria me concentrar nos estudos por agora.
Logo, o megafone da sala ligou e a voz do diretor surgiu, quase matando-me do coração – Hoje as aulas irão terminar mais cedo devido a problemas internos. Voltem para casa com seus guardiões legítimos e não perturbem a polícia. – Fiquei assustado. Primeiro, o pressentimento ruim, e depois isto? Escutei barulhos vindo do portão principal, parecia ser alguém batendo no portão. Olhei para a janela, semicerrando os olhos para enxergar melhor, o mais detalhado possível. E vi alguém da administração se dirigir ao portão para também, provavelmente, ver o que estava acontecendo. Ele estava dizendo algo para a pessoa que estava a bater no portão, mas parecia que não queria ouvi-lo, ou, se estava a conseguir. Então, ouvi gritos. O louco ficou batendo no portão várias vezes, mas logo saiu dali andando lentamente, enquanto estava a ouvir os gritos do cara da administração. Será que era só alguém fazendo graça?
Depois de algumas horas, eu estava em casa. Lembro-me de ter jogado videogame, e parei quando vi o anoitecer, teria que acabar minhas tarefas para segunda-feira e dormir mais cedo, para não deixar o sábado passar rápido. Fiz minhas lições e jantei, mal sabendo que aquela iria ser minha última refeição farta. Me joguei em minha cama, já com roupas leves. Era por volta de 20:50. Assim que preguei os olhos, escutei alguém batendo em minha porta. Me perguntei quem diabos bateria na porta de alguém a essa hora, e pensei que pudessem ser meus 2 amigos, mas claro, minha intuição me avisava que não eram eles. Como era a essa hora, mesmo o Japão tendo baixa criminalidade, poderia haver raros casos. Peguei minha lança improvisada, usando cabo de vassoura e finco de portão – Não me pergunte como consegui este último – E fui até a porta, e a abri devagar, somente uma fresta. Mas me deparei com nada menos do que um belo de um golpe da porta devido ao empurrão que o sujeito deu – Fui descuidado – pensei eu naquele momento. Cai no chão devido a perda de equilíbrio, mas me levantei rapidamente, e logo vi algo que me lembrou de vários jogos que joguei… Um sujeito com roupas rasgadas, com o cabelo estraçalhado, com muitas feridas e infecções pelo corpo, soltando um grunhido e andando em minha direção, esticando suas mãos que pareciam querer pegar-me. Pulei para trás, ainda em choque com aquela situação, só para ver que ele agarrou o ar onde eu estivera a apenas alguns segundos atrás. – Parado! O que você quer? … Ou melhor, o que VOCÊ é?! – Uma reação de susto, e também de um pouco de desespero. Será que era um… Zumbi? Iguais aos de Resident Evil? Ou eu estava jogando jogos demais? Não tinha tempo de pensar, teria de agir. Esperei ele se aproximar um pouco, até chegar a uma distância que a ponta de minha lança o acertaria. Posicionei ela perto do pé do sujeito, coloquei a palma de minha mão aberta na extensão do cabo, e segurando firme com minha outra mão, joguei-a para cima, cortando desde sua cintura até seu queixo. O sangue pintou o chão de minha casa, mas não caiu em mim. Porém, vi que o sujeito nem sequer pensou em recuar, se é que tinha consciência. E também, para meu infortuno, vi outro daqueles entrando na porta, agora quebrada, só que era do sexo feminino. Estava nas mesmas condições que o sujeito. Meu coração se abalou e senti um frio em meu estômago – Isto é real? – Pensei comigo mesmo. Teria adormecido e isto é somente um pesadelo? De qualquer forma, realidade ou sonho, não poderia se dar ao luxo de ser pego por eles. Pensei em seguir a mesma tática que usava em Resident Evil – Mirar na cabeça – e foi isto que fiz. Rodei a lança para tomar impulso e desferi um belo de um corte na cabeça daquele ser que estava mais próximo, e desta vez, me sujei com aquela substância vermelha, mas fui recompensado ao vê-lo cair, porém fui castigado por ter ficado entusiasmado, em ver que a mulher estava pertíssimo de mim – Não vai dar tempo – pensei no momento, e usei o cabo para impedir que aquela boca me mordesse, porém, cai no chão. Ela tinha muita força, e parecia estar faminta. Vi sua nojenta saliva cair perto de meu rosto, seus dentes podres tentando morder-me. Sua cara estava tão deformada que mal parecia um ser humano – se é que era um – e é claro, estava em terror, mas a adrenalina e o instinto de sobrevivência estavam gritando mais altos, e sabia que o cabo de vassoura não iria aguentar por muito mais tempo. Forcei-me para frente junto a lança para tentar ganhar área e sair dali. A força daquilo, o que quer que seja, era absurda. Meus músculos protestaram e suplicaram para eu ceder, mas é claro que não iria ouvi-los. Reuni forças o suficiente, até me distanciar um pouco, e chutei-a com tanta força que nem sei de onde veio, mas foi um alívio ver ela caída, tentando se levantar. Não dei brechas. Cheguei perto, mirei em sua cabeça com a lança, e a finquei. Era para tê-la matado, mas não consegui, mesmo fincando, não foi com força o suficiente para penetrar em seu cérebro. Parecia que a ‘trava’ da sensibilidade tinha-me prendido. Nunca havia feito isto, quanto mais matar alguém, e ainda mais nessa situação. E isto foi meu erro. Aquilo agarrou meu tornozelo e o mordeu.
–Continua–