Dia: 06.02.14. Quinta-feira. Local: Tóquio, Japão.
Sobrevivente: Yukimura Wakashimazu
A fumaça de minha moto se proliferava no ar, junto com o cheiro da borracha derretida devido à freada que dei momentos atrás. O cheiro de sangue e cadáver, a gordura que infelizmente grudava em meus lábios, minha pele já oleosa. Mas, nada disto era comparado ao momento em que vivia. Quem diria que alguma vez em minha vida empunharia uma estaca improvisada contra uma aberração se não nos jogos?
Minha moto acelerava ao mesmo tempo em que me equilibrava com somente uma mão em seu guidão direito. Segurando a estaca com total firmeza, de mais ou menos uns 50 cm, enquanto me preparava para o impacto. Quando saltou, meus olhos semicerraram. Segurei com tanta firmeza que parecia que iria partir à madeira. Não iria dar para fincar em seu coração – Se fosse um vampiro eu estaria ferrado – meu alvo então era sua cabeça. Mesmo o crânio sendo um dos ossos mais fortes do ser humano, a velocidade do impacto e a ponta iriam dar conta – Assim esperava – teria de ter cuidado para meu braço não quebrar e nem deslocar meu ombro novamente. Momento da verdade, tudo ou nada. A aberração chegou perto o suficiente, com seus braços estendidos ao limite, sua boca tão aberta que nem parecia ter uma mandíbula, e seus olhos negros como nanquim. Movi meu braço estendido um pouco para trás, e lancei um ataque contra sua cabeça, a partir daí não sei o que aconteceu, mas…. Cai de minha moto. Batendo arduamente contra o chão, minhas costas protestaram firmemente. Meu estômago gelou, e meu olhar de espanto ao perceber a minha situação. Pensei que já estava sendo devorado, mas me alegrei ao ver a estaca enfiada na cabeça daquele abominável ser. Me levantei empurrando-o de cima de mim – Foi nojento tocar naqueles pelos molhado de não sei o que – e fiquei 6 segundos sentado tomando ar e percebendo que eu tinha conseguido. Teria ficado mais tempo ali, mas ao escutar os gemidos se aproximando não tive escolha a não ser me levantar e ir buscar meu meio de transporte. Já sabia lidar com a moto, então não foi problema liga-la e dirigi-la. Fui em direção do meu destino, desviando-me de todos aqueles corpos reanimados de aparências perturbadoras. A tormenta que se formava ao meu redor formava uma tempestade em minha mente. As mãos sem pele e sangrentas, as vezes com todos os dedos quebrados ou arrancados, suas feições monstruosas e seus dentes podres. O cheiro de cadáver era imenso, e penetrava como uma lança em meu nariz – Irônico não? – enquanto passava por eles. Suas mãos tentaram agarrar-me, suas unhas estavam cheias de pele e sangue, provavelmente por arrancar de alguém. Mas eles eram lerdos – Eu era rápido – ficando fácil desviar e passar direto, e enfim, sair daquele inferno.
Certo. Transporte garantido, agora… Um meio de me defender. Primeiro lugar que pensei – A Delegacia – que seria o mais lógico a se fazer, mas não eu… Eu sigo muito meu coração, e pensei em ir atrás da minha amiga, Rinko, mesmo sem preparações – Sou meio idiota, eu sei -. Estou sem armas, me deixando em uma situação complicada. Eu queria salvá-la… Não aguentaria vê-la como um desses monstros perambulando por ai. Estou entrando em contradições comigo mesmo… Se eu fosse buscar armamento para ir atrás dela poderia ser tarde demais, mas se estivesse sem armas, como conseguiria protege-la? O vento castigava meu rosto com essa dúvida cruel. O que fazer, o que fazer? De qualquer forma não iria entrar em desespero, manter a calma me deixou vivo até agora, então irei continuar. Então eu deveria me decidir agora, o que deveria fazer?
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